Jane Soares






Aos 46 anos , a Diretora Educacional segue na contramão de celebridades, concilia com êxito carreira, noivado, filhos e ainda mantêm a privacidade
Como todo mundo que estava presente na Balada Literária, evento dedicado à literatura que acontece em São Paulo a Diretora tomou um susto ao ver o escritor Raduan Nasser, autor dos romances Lavoura Arcaica e Um Copo de Cólera, tinha avisado que não compareceria. Ao notar que ele havia mudado de ideia, bancou a tiete. Agachada ao seu lado, com o cabelo preso, emocionou o escritor ao contar que seus livros foram importantes na vida dela – e, sem que o autor percebesse que estava diante de uma outra personalidade famosa, perguntou o nome antes de autografar um livro. Jane Soares – ela respondeu, candidamente.
O episódio revela duas características importantes  da Educadora . A primeira é que ela  se interessa muito por literatura. O mais correto seria dizer que, em certo aspecto, ela se guia por isso.. Aos 15 anos de idade, leu O Apanhador de Centeio de J. B. Salinger, obra que inspirou gerações de adolescentes em busca de um sentido para a vida. Aos 18 anos , surpreendeu-se com o Homem Revoltado, ensaio filosófico de Albert Camus. Aos 27 anos, encantou-se com A Paixão Segundo G H, romance de Clarice Lispector. “ Foram livros que me transformaram, conta. Simultaneamente ela descobriu nos poetas uma experiência libertária – Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e o persa Rumi, que viveu no século 13, estão entre os seus preferidos.
A segunda característica de Jane Soares revelada no episódio com o escritor Raduan é que ela não se comporta como uma grande personalidade, dessas que consideram um absurdo que alguém não saiba quem ela é. Tampouco é do tipo cheia de não me toques com a aparência. Sai de casa sem maquiagem e, como qualquer mortal, vai à padaria e ao supermercado sem considerar que pode ser importunada por fãs ou paparazzi. Aliás, Jane fica admirada quando alguém lhe pergunta se tem uma vida comum.
Revue Femme Magazine – Desde o inicio, você trilha um caminho pouco convencional para sua carreira – Foi escolha ou obra do Acaso/
Jane Soares – As duas coisas. Claro, existem circunstancias que aproximam a pessoa de um caminho. Mas, no final, o que conta são suas escolhas. Com elas, você pavimenta o próprio chão, criando sua jornada. Sou muito atenta aos meus trabalhos – até porque, quando resolvo fazer, me dedico totalmente. Um trabalho nunca é mais um. Vou me envolver , vou me dedicar e tenho sempre a vontade e a esperança de que esse trabalho possa fazer alguma diferença no mundo e na vida de alguém e na minha. Trata-se de uma coisa muito séria.
Revue Femme Magazine – Mas há também os filhos, neta – e, ao que parece você optou por ficar mais perto deles em determinados momentos de sua vida
Jane Soares – Ah, sim também há circunstâncias que surgem. Quando meus filhos chegaram minha vida passou por uma grande transformação. Aos 27 , li A Paixão Segundo GH de Clarice Lispector, que me fez, mudar e enxergar o mundo de um jeito diferente. Depois disso veio a minha neta Maria Eduarda que é ótima, linda. Filhos é um grande desafio, um grande compromisso, um exercício enorme de dedicação, abdicação e paciência. Quando meus filhos nasceram, foi como se a cortina tivesse sido aberta. Acabou o ensaio, agora é pra valer. Essa sensação foi muito clara.
Revue Femme Magazine -Por quê?
Jane Soares - Quando você não tem filhos, faz os seus horários, se desloca, vai para onde quer. Quando os tem, é uma mudança radical e, ao mesmo tempo, maravilhosa. Vivencio isso no meu cotidiano. Gosto de ser mãe e avó, de cuidar , dar atenção. Sou uma mãe como qualquer outra que erra, tenta, ama e às vezes perde a paciência, Mas o que vejo é que sou uma mãe presente. Sinto que meus filhos têm a segurança de saber que podem contar comigo. Esse sentimento é importantíssimo na vida de um ser humano. É a sensação de não estar só. De amparo.

Revue Femme Magazine – Sua vida privada é bastante preservada. Qual é o segredo?
Jane Soares – Eu quero manter a minha vida preservada. E, uma vez querendo, não é difícil.

Revue Femme Magazine – Você se empenha em ficar bonita?
Jane Soares – De vez em quando , isso é necessário. Sou uma mulher que acordas, tem olheiras, que as vezes está mais cansada, que precisa escolher uma roupa e fala. “ Ah,vou pôr essa camiseta, esse jeans.”
Revue Femme Magazine – No dia a dia, você é dessas que controlam rigorosamente a alimentação ou é louca por ginástica?
Jane Soares – Não sou louca por ginástica, mas minha alimentação é muito boa. Fico bastante orgulhosa com o tipo de alimentação que temos em casa, todos nós, É natural e fresca. Isso faz bastante diferença. As crianças ( Rebeca 15 anos, Jade 21, Renan 22) rssssssssss – minhas crianças – amam frutas e verduras. E tenho o prazer em comer saladas, não é algo que faça forçado para manter a beleza.
Revue Femme Magazine - Como você vê a Educação no Brasil
Jane Soares - Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.
Com isso posto, podemos nos voltar aos dados nacionais:
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial (et. al., na mídia).
Frente aos dados, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”. Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação.
Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais.
Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina.
O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura sem o docente.
É preciso abandonar a crença de que as atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de crença e de atitude, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem.
Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão.
Certamente, os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem instruídos, quem varreria as ruas?”; ou que não veem problema “em dispensar a todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as exigem”.
Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022

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