Durante o IV Simpósio Internacional de
Desenvolvimento da Primeira Infância, duas pesquisas e um estudo foram
lançados. O objetivo é munir gestores, decisores e profissionais das
diversas áreas de cuidado e atenção à criança pequena com informações
que relacionam a educação ao desenvolvimento infantil. Conheça aqui cada
um deles.
Ônibus escolar: hábitos e atitudes dos pais em relação à educação escolar de seus filhos
“Você acompanha o calendário de atividades da escola
e as tarefas para casa de seu filho?”. Esta foi uma das questões
abordadas junto aos 2.002 pais e responsáveis de estudantes de escolas
públicas e privadas (educação infantil ao ensino médio) entrevistados
pelo Ibope para compor a pesquisa
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“Ônibus escolar: hábitos e atitudes dos pais em relação à educação
escolar de seus filhos”, lançada no primeiro dia do IV Simpósio
Internacional.
O objetivo do estudo é entender a relação e a
participação das famílias na vida escolar de alunos de quatro a
dezessete anos. Para isso, a iniciativa considerou duas dimensões: valorização da educação, relacionada a atitudes e práticas ligadas ao cotidiano escolar e o adulto; e vínculo, que considera o comportamento e o relacionamento afetivo do adulto com a criança.
Depois de cruzar as duas variáveis, a pesquisa classificou os pais
ou responsáveis em cinco perfis. Dentre os adultos que cuidam de
crianças de quatro e cinco anos, as porcentagens ficaram distribuídas
desta forma:
Comprometidos - demostram grande responsabilidade
familiar em relação à vida escolar do aluno e assiduidade na
participação de atividades na escola. Do total pesquisado, apenas 10% se encaixaram neste perfil.
Envolvidos – acompanham a rotina escolar dos
filhos, porém, possuem um ambiente familiar menos propício ao diálogo.
Esse grupo somou 29% do total dos entrevistados – a maioria.
Vinculados – mantêm um diálogo frequente com o
aluno e um bom relacionamento familiar, mas não acompanham muito a
rotina escolar do aluno. Esse grupo somou 27% dos pesquisados.
Intermediários – grupo que apresentou a mesma
média de respostas para as duas variáveis. Nesse perfil estão 18% dos pais ou responsáveis entrevistados.
Distantes – são os adultos com baixa participação
no ambiente escolar e que oferecem pouco espaço de diálogo para as
crianças, correspondendo a 16% dos pesquisados.
Dentre os pais e responsáveis de crianças com quatro e cinco anos,
58% levam ou trazem os filhos da escola e 21% delegam essa tarefa a
outra pessoa do domicílio.
Com relação às reuniões escolares, 53% afirmam que estão presentes
em todas, 28% vão a algumas e 18% não participam de nenhuma. Quando o
tema é festa e eventos, 51% fazem questão de ir a todos, 38% participam
de alguns e 11% nunca estiverem presentes nessas ocasiões.
90% dos pais e responsáveis entrevistados afirmaram que perguntam
para a criança como foi o dia e 63% repetem em casa as atividades que os
filhos realizam na escola, como jogos e brincadeiras, enquanto 54% têm o
costume de contar histórias às crianças.
A pesquisa foi promovida pela parceria entre o grupo Todos Pela
Educação, Fundação Roberto Marinho, Fundação Maria Cecília Souto
Vidigal, Fundação Itaú Social, Instituto Unibanco e Instituto C&A,
sendo realizada pelo Instituto Paulo Montenegro e o IBOPE Inteligência.
Confira aqui o documento apresentado no evento.
Educação Infantil em debate: a experiência de Portugal e a realidade brasileira
Lançada no segundo dia do IV Simpósio Internacional, a pesquisa é
fruto de um trabalho de especialistas que foram até aquele país para
entender como os portugueses conseguiram avançar na quantidade e
qualidade da Educação oferecida à criança pequena. A intenção é avaliar
a possibilidade de aproveitamento das experiências positivas no Brasil.
Um primeiro ponto detectado por essa análise é a
forma de gestão. Dentre algumas estratégias, o sistema português, embora
tenha um modelo centralizado, abre espaço à participação dos educadores
e da sociedade nas questões relacionadas ao tema, por meio de conselhos
e associações de classe.
Outro aspecto interessante diz respeito às fontes de
financiamento. Em Portugal, programas públicos específicos foram
decisivos para garantir a ampliação da rede de creches e pré-escola,
sustentados por recursos provenientes de loterias, governamentais e
linhas de crédito concedidas aos governos locais. O texto destaca que um
fator que contribuiu para o avanço da Educação Infantil em Portugal foi
a articulação intersetorial, que reuniu áreas da Saúde, Educação e
Assistência Social atuando juntas.
A formação e o perfil dos professores também
mereceram destaque. Todos possuem nível superior, recebem formação
continuada e seus salários e planos de carreira são equiparados aos
demais educadores das outras etapas do ensino.
A estruturação do currículo, a partir de orientações
claras, o sistema de avaliação, que é contínuo e conta com a supervisão
periódica de técnicos do Ministério da Educação, e a participação social
completam a estratégia de Portugal para garantir acesso e qualidade às
creches e pré-escola. Mas toda essa evolução não teria sido possível se o
País não priorizasse, em suas políticas públicas, o atendimento às
necessidades de crianças de zero a cinco anos.
O material da pesquisa divide-se em um caderno, com a
análise completa, e um documento contendo o resumo executivo dos
principais pontos.
Cada tema analisado, depois de apresentar a realidade
portuguesa, faz uma comparação com o cenário brasileiro e levanta
questões para nossa reflexão.
A pesquisa, iniciativa da Fundação Maria Cecília
Douto Vidigal e da Fundação Itaú Social, teve a coordenação do Centro de
Criação de Imagem Popular (CECIP) e apoio do Unicef. Você pode baixá-la
agora, clicando aqui .
O impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância sobre a Aprendizagem
O documento, lançado no segundo dia do IV Simpósio
Internacional, é o primeiro de uma coleção criada pelo comitê de
cientistas do Núcleo Ciência Pela Infância, que se formou com objetivo
de reunir as diferentes especialidades em estudos breves que sirvam para
orientar e apoiar gestores públicos e legisladores na criação de
políticas e programas focados na gestante e na criança pequena. Porém, o
estudo tem um diferencial importante: foi estruturado por cientistas,
mas não é difícil de entender como a maioria dos documentos acadêmicos.
O conteúdo científico, pautado em uma vasta
bibliografia, foi “traduzido” para uma linguagem do dia a dia, sem
perder a precisão e a essência daquilo que pretende transmitir. As
terminologias mais complexas são cuidadosamente explicadas durante o
texto, que faz uma ampla reflexão sobre a importância dos primeiros anos
de vida na aprendizagem das crianças.
Há toda uma lógica para explicar esse
desenvolvimento, partindo da arquitetura do cérebro, a influência
genética e o efeito de eventos externos, passando pela importância dos
vínculos, dos estímulos e interações e de um cuidado com a qualidade de
creches e pré-escolas.
Os especialistas mostram, com dados e argumentos
precisos, como a Educação é determinante para a realização do ser humano
e de que forma pode-se potencializar o aprendizado em casa e na escola,
durante a Primeira Infância.
Também destacam os retornos sociais e econômicos para
o País de políticas públicas que priorizem a criança pequena, já que
esse período da vida determinará que tipo de adulto teremos no futuro
para a construção de uma sociedade melhor e mais justa.
“O estudo poderá contribuir muito para o trabalho
dos profissionais e gestores públicos na medida em que tenta
sistematizar e traduzir o conhecimento científico na área de
desenvolvimento infantil e aprendizagem para uma linguagem não
científica. O objetivo é esclarecer eventuais dúvidas que profissionais e
gestores públicos possam ter sobre as diferentes fases do
desenvolvimento infantil, para melhorar as práticas adotadas atualmente
no Brasil”, explicou Naercio Aquino Menezes Filho, Coordenador do Centro
de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Inpser) e um
dos colaboradores do documento.
Para ter acesso à íntegra do conteúdo, clique aqui.
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