Seminário internacional discute os desafios da inclusão de adolescentes no ensino médio

Ao longo dos dois dias de evento, são realizadas sete oficinas e salas temáticas para debater princípios e estratégias

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Macaé Evaristo destacou que, em Minas Gerais, mais de 160 mil jovens da faixa etária de 15 a 17 anos estão fora da escola

Seminário internacional discute os desafios da inclusão de adolescentes no Ensino Médio

Jovens de todas as regiões do Brasil estão reunidos em Belo Horizonte para trocarem experiências sobre práticas educativas voltadas à inclusão escolar de adolescentes no Ensino Médio. Nesses dias 27 e 28 de abril, estudantes e educadores participam do Seminário Internacional sobre Inclusão de Adolescentes e Jovens no Ensino Médio e têm a oportunidade de debater os desafios encontrados em suas escolas e apontar estratégias para vencer as dificuldades.
Ao longo dos dois dias de evento, são realizadas sete oficinas e salas temáticas para debater e compilar princípios e estratégias do Brasil e de países da América Latina neste campo. Experiências do Uruguai, Equador, Bolívia e Argentina, dentre outros, compõem a programação. O seminário é realizado pela Secretaria de Estado de Educação e conta com a parceria do Ministério da Educação, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundação Itaú Social e Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Durante a abertura do evento, a secretária de Estado de Educação de Minas Gerais, Macaé Evaristo, destacou que em Minas Gerais mais de 160 mil jovens da faixa etária de 15 a 17 anos estão fora da escola no estado e que entre os que estão na escola, nessa faixa etária, 40% ainda estão no ensino fundamental. A gestora também pontuou o que Minas Gerais tem feito para mudar esta situação.
“A nossa opção foi fazer um trabalho coletivo. Fizemos encontros, rodas de conversa em todas as escola e a Virada da Educação em todos os 17 territórios. As escolas estão trabalhando na construção e no desenvolvimento de projetos inovadores que contaram com a participação dos estudantes. Os nossos jovens falaram que eles querem participar, debater e construir o currículo das nossas escolas de ensino médio e não querem mais um currículo e uma organização da escola que não seja feita com a juventude. Espero que esses dois dias nos ajudem nessa tarefa”, ressaltou a secretária.
O coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Brasil no Unicef, Mário Volpi, afirmou que o objetivo do seminário é proporcionar o diálogo. “Construímos esse seminário com uma ideia central: nós precisamos quebrar esse bloqueio e esse distanciamento que existe entre o que a escola é e o que o aluno espera dela. A solução para educação está no diálogo. Pretende nesse evento produzir um diálogo sincero e realista”, disse.
O estudante José Otávio de Azevedo, do Amapá, falou na abertura do evento o que os jovens buscam. “Estamos aqui manifestando nossos direitos de adolescentes e jovens. Lutando por uma melhoria e por uma educação de qualidade, liberdade de expressão e de opinião e por uma democracia. Nós somos e continuaremos sendo a parcela dessa sociedade que vai lutar por liberdade. Estamos representando aqui todos os adolescentes”, afirmou.
Já João Paulo de Melo é indígena da etnia Potiguara do Rio Grande do Norte e disse que a juventude não é o futuro, a juventude é agora. “Viemos aqui para cobrar e construir um ensino médio de qualidade. Somos jovens e adolescentes que não queremos mais ser personagens de suas próprias histórias, mas sujeitos de suas realidades e de sua própria vida”, contou.
O que os adolescentes esperam da escola?
Jovens de várias regiões do país e de diversas redes participaram da roda de conversa que discutiu a seguinte pergunta: o que os adolescentes esperam da escola? Primeiro, os estudantes apontaram como é o ambiente escolar. Destacaram que a escola é um ambiente com grandes potencialidades para a promoção de debates e de lutas, mas, segundo eles, também é um espaço onde ocorrem diversas situações de desrespeito de discriminação.
Para mudar a situação apontada, os jovens destacam que a relação entre professor e alunos deve mudar e que o caminho para que a escola possa melhorar perpassa o respeito à diversidade. Eles também destacaram que a escola deve trabalhar de forma mais aprofundada temas como a educação sexual e sempre levar em consideração as diferenças culturais. Para eles, a escola deve ser democrática e participativa.
Palestras
Ministrada pelo secretário Executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, a palestra “Os desafios da inclusão, da qualidade da educação e da inovação na educação brasileira” destacou os desafios e avanços conquistados nos últimos anos na educação brasileira.
O gestor ressaltou que um dos desafios encontrados no ensino médio está relacionado ao fato de os jovens não terem encontrado ainda um significado para este nível de ensino. “O Brasil é um dos únicos países que tem um modelo único de ensino médio, nosso ensino médio só visa ir para a universidade. Na realidade, o ensino médio tem que ser um espaço de cidadania, de inclusão e de conhecimento da sociedade. A escola tem que ser inclusiva e não deve permitir exclusão de nenhuma”, destacou Luiz Cláudio Costa.
O secretário também destacou os avanços relacionados ao acesso ao ensino superior e duas metas do Plano Nacional da Educação: uma referente à elevação da taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% e outra referente à universalização, até 2016, do atendimento escolar para toda população de 15 a 17 anos.
Para concluir sua fala, Luiz Cláudio Costa disse que a educação só avança com novas perguntas. “Temos que ter coragem para fazer com que esses jovens façam perguntas e nós como educadores não podemos negar aos jovens o direito à resposta”, conclui.
“O uso de dados, pesquisa e informação para tomada de decisões em políticas de inclusão e os desafios do Ensino Médio para a América Latina” foi a palestra ministrada pela secretária de Avaliação do Ministério da Educação e do Esporte e vice-ministra da Educação da Argentina, Elena Duro. Ela destacou que “é muito importante o uso de informações para tomar decisões e que os dados devem transformados em informações e as informações em conhecimento”.
O Seminário Internacional continua nesta quinta-feira (28/4).

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