A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO



A diferença entre a remuneração de homens e mulheres, tradicionalmente maior a

favor dos primeiros, vem diminuindo. Mas ainda há muito o que ser feito.

Por Cleber Andriotti Castro*

cleber.castro@andriottiecastro.com.br

www.andriottiecastro.com.br

Dados da PNAD 2.012 – Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios –

realizada pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), divulgados

em setembro de 2.013, mostram que os

homens ainda ganham mais do que as

mulheres – essa discrepância ocorre

independentemente do setor de

atividade econômica analisado –, e que a

diferença entre os salários voltou a

crescer após dez anos em declínio. Em

2.011, o rendimento médio mensal das

mulheres era equivalente a 73,7% do dos homens. Já em 2012, tal proporção se reduziu:

72,9%. Ou seja, a diferença era levemente menor. A renda média mensal masculina no ano

passado foi de 1 698,00 reais, e das mulheres, de 1 238,00 reais.

Tradicionalmente restritas a atividades do lar até o início do século XX, a partir

principalmente da década de 70 as mulheres começaram a tomar parte em profissões

tidas como tipicamente masculinas. Atividades militares, policiais, relacionadas ao futebol,

e outras, como eletricista, taxista, bombeiro, programador de computador, carpinteiro,

transporte rodoviário de carga, além da construção civil – não só trabalhos básicos, como

pedreiro, pintor, mas também com formação superior, como engenheiro civil –, passaram a

ter uma maior presença feminina. Ainda assim, em várias dessas profissões, há muito o que

se conquistar. Nelas, a participação das mulheres não ultrapassa os 25% dentre o total de

pessoas empregadas.

Outro dado importante divulgado pela pesquisa diz que 80% das mulheres inseridas

no mercado de trabalho são professoras, cabelereiras, manicures, funcionárias públicas

ou trabalham em serviços de saúde. Se em 1970 apenas 18% das brasileiras trabalhavam,

chegamos a 2007 com mais da metade delas (52,4%) em atividade. Já para os homens, esse

índice manteve-se estável em cerca de 72%.

Em 2003, as trabalhadoras representavam 43% da população ocupada, ou 8 milhões

de pessoas. Em 2009, elas já correspondiam a 45,1% desse total. Mas em cargos executivos, a

realidade ainda é distante: apenas 30% desses cargos são ocupados por mulheres.

NÍVEL DE ESCOLARIDADE

A escolaridade média das mulheres é de 7,3 anos, enquanto que a dos homens é

de 6,3 anos. Atualmente, entre as 20 carreiras de graduação com maior número de recém-
formados de 20 a 29 anos, as mulheres só não são maioria em cinco delas: Ciência da

Computação, Engenharia Civil, outras Engenharias, Economia e cursos gerais de saúde.

No curso de Ciência da Computação, apenas 22% são estudantes do sexo feminino.

No de Engenharia Civil e de Construção, elas são 28%, e no de Engenharia, 30%. Nas demais

carreiras, incluindo as de alta remuneração, como Medicina (54%) e Odontologia (69%), as

representantes do sexo feminino já superam os homens.

A tendência de aquisição de maior nível de escolaridade das mulheres, que vinha se

esboçando desde as últimas décadas do século XX e se consolida na primeira década do século

XXI tem especial importância para a inserção das mulheres no mercado de trabalho.

A prevalência das mulheres entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino

médio e se estende ao superior. Em 2007, entre os que têm de 9 a 11 anos de estudo, mais da

metade são mulheres e entre aqueles que têm mais de 12 anos de estudo, 57% são so sexo

Segundo informações do Censo do Ensino Superior, em 2007, mais da metade dos

ingressantes e 60% dos concluintes do ensino superior são do sexo feminino.

O TRABALHO E A MATERNIDADE

O trabalho da mulher não depende somente de sua capacidade de inserção no

mercado de trabalho e a de executar suas atividades com o desempenho esperado, mas

também de situações externas às profissionais e que são inerentes à sua condição dentro da

família. Como mães e, cada vez mais, chefes de família – nos últimos 5 anos passou de 25,5%

para 33% a porcentagem de famílias conduzidas por elas – tais fatores pesam na decisão em

permanecer ou não no mercado de trabalho.

Até a década de 70, a taxa feminina de atividade diminuía quando completavam

25 anos, muito em função de possuírem filhos pequenos. A partir dos anos 80, entretanto,

essa situação se inverteu. A participação das mulheres no orçamento doméstico e,

consequentemente, no mercado de trabalho, ganhou importância, equiparando-se aos

cuidados com a casa e com os filhos.

Ainda que a presença dos filhos seja um fator limitador da atividade profissional das

mulheres, a oferta de serviços públicos e particulares que auxiliam no cuidado com as crianças

têm permitido cada vez mais a presença feminina entre os profissionais.

TENDÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO

Para as próximas décadas, podemos observar algumas tendências. O nível médio de

escolaridade dos trabalhadores brasileiros, independentemente do sexo, deverá continuar

Em virtude da diminuição da taxa de fecundidade do brasileiro, do aumento da

expectativa de vida, do crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres e da

redução do preconceito com relação ao trabalho da mulher, sua participação no mercado de

trabalho também deve continuar evoluindo, assim como sua remuneração.

Não devemos observar de maneira rápida, entretanto, a equiparação salarial entre

homens e mulheres. Pelas taxas de evolução dos últimos anos, esse movimento deve levar

pelo menos algumas décadas para ocorrer.

DICAS PARA O SUCESSO PROFISSIONAL

Seguem algumas orientações que podem colaborar para que as mulheres obtenham

sucesso em suas vidas profissionais.

Adaptar sua conduta ao ambiente de trabalho. Saias e vestidos não devem ser

utilizados na construção civil, por exemplo. Já decotes ousados, roupas curtas, maquiagem

ou perfumes carregados devem ser evitados em quaisquer circunstâncias. Assim, evita-se

passar a errada impressão de que a vaga foi conquistada pelos atributos físicos, e não por sua

capacidade intelectual.

Ter alguém que se responsabilize por situações não emergenciais com os filhos.

Interromper uma importante reunião com a diretoria da empresa para atender a uma ligação

que não seja urgente a respeito de assuntos da maternidade nunca é bem visto e pode

prejudicar seu futuro na organização.

Buscar qualificação profissional. Uma vez que ainda são vítimas de preconceito no

mercado de trabalho, mesmo que muitas vezes velado, apresentar um currículo de destaque

por seus conhecimentos e habilidades pode demonstrar interesse e disponibilidade em

participar ativamente do sucesso da empresa.

Denunciar atitudes preconceituosas. Situações embaraçosas podem tornar o ambiente

de trabalho ruim. Se a denúncia não funcionar, busque mudar de emprego. Afinal, ninguém é

obrigado a trabalhar em um local onde sofre preconceito.

Posicionar-se de acordo com o estilo da equipe. Em grupos dominados por homens, a

mulher tem desvantagens e vantagens. Aceitando essas diferenças e explorando seus pontos

fortes, como ser mais intuitiva e possuir maior habilidade para solucionar conflitos, é possível

Participar das rodas de amigos. Mesmo que o time seja de maioria masculina, fazer

parte de alguns eventos fora do trabalho, como a cervejinha pós-expediente, pode contribuir

para integrá-la à equipe.

E, por último, não desistir face às dificuldades encontradas e não se intimidar em

ambientes com maioria masculina. Não são raros os casos de mulheres que abandonam

oportunidades em função de obstáculos como esses. Mas também não são raros os casos de

mulheres que conseguem provar sua competência e desempenhar um ótimo trabalho, de

qualidade igual ou muitas vezes superior à de muitos marmanjos por aí.

* Cleber Castro é sócio/consultor da Andriotti & Castro Consultoria, docente na pós-graduação

da FGV, palestrante e autor de diversos artigos. Possui 11 anos de experiência em gestão.

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