Advogado da Petrobras diz que foi perseguido por denunciar interferências na estatal


O depoente questionava cláusulas atendidas pela Petrobras a pedido da Associação Brasileira de Montagem Industrial quando foi afastado do cargo que ocupava
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O ex-gerente jurídico da Petrobras Fernando de Castro Sá disse em depoimento à CPI da Petrobras que foi perseguido internamente na empresa quando começou a questionar os pareceres jurídicos elaborados para a contratação de empresas pela Diretoria de Abastecimento, na época comandada por Paulo Roberto Costa.
Os questionamentos dele se referiam principalmente aos aditivos que a Petrobras celebrou com as empresas contratadas.

Sá, que depõe neste momento na sub-relatoria de Superfaturamento e Gestão Temerária na Construção de Refinarias da CPI, disse que foi afastado de uma das gerências da assessoria jurídica da empresa pelo então gerente-executivo Nilton Maia, depois de questionar cláusulas atendidas pela Petrobras a pedido da Associação Brasileira de Montagem Industrial (Abemi).
O advogado disse ainda que o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi informado do caso. “A minha saída foi acertada com ele [Gabrielli] e com [o ex-diretor de Serviços Renato] Duque”, disse.

Processo interno
Sá disse que respondeu procedimento interno de auditoria por questionar os procedimentos da empresa e que no processo não foram convocadas as testemunhas que ele listou, nem feita a análise jurídica dos pareceres nos quais teria havido interferência – outro pedido da defesa.

“Decidi então procurar o Paulo Roberto Costa [então diretor de Abastecimento] e disse a ele que, se estivesse em curso um procedimento para me demitir, eu iria procurar a Justiça do Trabalho”, relatou. Segundo ele, Paulo Roberto Costa teria respondido que já tinha pedido para “pararem de fazer isso”. “Esse pessoal é maluco”, teria dito o diretor, segundo Sá.

O ex-assessor jurídico da empresa disse que Costa ofereceu a ele um cargo em Londres para que ele saísse da assessoria jurídica, oferta que ele recusou por motivos pessoais. Ele concordou, porém, em ser transferido para a área comercial. “Mas fui instalado em uma baia, uma sala fechada, sem limpeza e sem computador. Ficaram sem me dar nenhum serviço durante seis meses, período em que enfartei duas vezes”, contou o depoente aos parlamentares.

A audiência da CPI continua no plenário 6.



Reportagem - Antonio Vital
Edição - Natalia Doederlein

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