COMBATE À TUBERCULOSE ENTRA NA PAUTA DO COMITÊ DE POPULAÇÃO DE RUA
A Prefeitura de Belo Horizonte prepara uma grande estratégia de combate da tuberculose com uma ação direta junto ao público mais vulnerável à doença, especialmente a população em situação de rua da cidade. Na última quinta-feira, 12 de março, o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da População em Situação de Rua realizou reunião ampliada para discutir o assunto, juntamente com técnicos da secretarias estadual e municipal de Saúde e do Ministério da Saúde. O evento é preparatório para a agenda do Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março. A preocupação com moradores em situação de rua se dá em face da vulnerabilidade destas pessoas. Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, elas são setenta vezes mais sucetíveis de contrair a doença pela exposição a vários fatores de risco. Em nome do Ministério da Saúde, o analista de Políticas Sociais, José Roberto Barbosa, apresentou um quadro geral da incidência da tuberculose no Brasil, destacando que o esforço no combate à doença faz parte de uma recomendação da Organização Mundial de Saúde, dentro da estratégia Stop TB. Os índices são preocupantes. No Brasil, são notificados a cada ano cerca de 70 mil novos casos da doença, que provocam, em média, 13 mortes por dia. Em BH, são setecentos casos novos notificados por ano. O maior problema com a população em situação de rua, segundo a coordenadora do Comitê de Acompanhamento, Soraya Romina, é a descontinuidade dos tratamentos. Muitas vezes estas pessoas abandonam o tratamento, o que as tornam ainda mais vulneráveis à doença. O abandono da terapia se dá por vários motivos: uso de drogas e álcool, dificuldade de acesso ao local de tratamento, falta de informação e acompanhamento e o preconceito, entre outros. A representante da Secretaria Municipal de Assistência Social, Katia Zache, apresentou dados do censo de população de rua realizado em 2013 pela Prefeitura, destacando a importância do trabalho dos grupos de Consultório de Rua, em parceira com a Secretaria Municipal de Saúde, para identificar os casos através do trabalho de busca ativa. Na opinião da representante do Movimento Nacional da População de Rua, Anita Gomes dos Santos, é importante que o Ministério da Saúde capacite os movimentos sociais que atuam junto a este grupo para facilitar o trabalho de identificação de pessoas acometidas pela doença. 70 vezes maior entre a população de rua Existe uma alta incidência de tuberculose entre pessoas que vivem em situação de rua nos grandes centros urbanos. Estudos realizados no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre apontam taxas de incidência de 1.576 casos por 100 mil habitantes a 2.750/100 mil entre pessoas que vivem nas ruas. Na população geral, a taxa é de 38 por 100 mil habitantes. Isso significa que a incidência de casos de tuberculose na população de rua pode ser até 70 vezes maior em relação à média nacional. Em 2010 ocorreram aproximadamente 4.600 mortes de pacientes com tuberculose no país. Fatores como a falta de esclarecimento, o preconceito de terceiros e dos próprios pacientes fazem com que estes deixem de procurar assistência ou interrompam tratamentos já iniciados. Por conta deste comportamento, embora as medidas para tratar a doença sejam relativamente simples, o indicador de cura da tuberculose no Brasil ainda desafia as autoridades. Dados do Ministério da Saúde revelam que nove em cada 100 pacientes abandonam os cuidados antes do período recomendado, quase o dobro da média preconizada pela Organização Mundial da Saúde, que é de cinco para cada 100. A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria, conhecida como bacilo de Koch. É transmitida através da tosse, espirro, fala e respiração de um paciente ainda sem tratamento. Todos aqueles que têm tosse ininterrupta há pelo menos três semanas devem procurar um dos 147 centros de saúde da PBH para fazer exames. O diagnóstico da tuberculose pulmonar é confirmado pelo exame do escarro e, em alguns casos, podem ser necessários radiografias e outros exames. O tratamento é simples, gratuito e, na maioria dos casos, tem a duração de seis meses. |
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